Semana de Arte Moderna e Independência do Brasil: o que esses eventos têm em comum?
O ano de 2022 marca duas datas comemorativas importantes da história do Brasil: os 100 anos da Semana de Arte Moderna e os 200 anos da Independência do Brasil. E qual a relação entre esses dois eventos? Esse foi o tema do aulão online promovido pelo Curso Prime com os professores Biti (literatura e história da arte) e Thiago (história). Em mais de uma hora de debate, eles destacaram temas que podem ser cobrados em vestibulares ENEM. Confira neste artigo os principais pontos elencados pelos professores do Prime.
O vídeo completo está disponível no nosso canal no Youtube.
Independência do Brasil
No calendário, a independência do Brasil foi proclamada em 7 de setembro de 1822, às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo, quando Dom Pedro I bradou o grito “Independência ou Morte”. A verdade, porém, é que o processo de independência começou antes e se estendeu por muitos meses após a data que marca a efeméride.
O início dessa história data de 1808, quando a vinda da Família Real para o Brasil marca o fim do chamado pacto colonial com abertura dos portos às nações amigas. Com a queda de Napoleão na França, em 1815, o Brasil vira o centro do Império e é elevado ao status de Reino Unido com Portugal.
As mudanças obviamente agradaram à elite brasileira, visto que o país passou a ter status de sede da corora. Quando Dom João VI retorna a Portugal, por causa da Revolução Liberal do Porto, entretanto, fica explícita a cobrança, por parte dos portugueses, da ideia da recolonização do Brasil. Por isso, para manter a paz, Dom João deixa seu filho Dom Pedro I no Brasil como garantia de que o país não voltaria a ser colônia.
Influenciado pela elite brasileira, o príncipe rompe com o pai em 9 de janeiro de 1822, quando é chamado a retornar a Portugal e se nega a fazê-lo. É o chamado Dia do Fico, quando ele declara que não vai voltar ao seu país natal. Em 7 de setembro do mesmo ano, em uma viagem por São Paulo, ele recebe nova carta ameaçadora e, diz a história, brada o grito “Independência ou morte”. Foi só no dia 12 de outubro, porém, que Dom Pedro II foi aclamado imperador, tendo sido coroado em 1º de dezembro.
Neste contexto, o episódio do Grito do Ipiranga não parece tão importante a ponto de marcar o dia da independência. Mas, como a elite paulista já se destacava pela produção do café e queriam atrair visibilidade, fizeram uma mobilização para associar a data ao estado de São Paulo .
Paralelamente a esse movimento, a recém-criada Academia Imperial de Belas Artes (Aiba) do Brasil, no Rio de Janeiro, incentiva o academicismo das artes e, por meio da pintura, passa a consolidar imagens que fortalecem a história como é contada. Destacam-se obras como Independência ou Morte, de Pedro Américo, e Primeira Missa no Brasil, de Victor Meirelles.
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Semana de Arte Moderna
O centenário da independência, em 1922, é comemorado logo após um evento que causa nova ruptura na história do Brasil: a Semana de Arte Moderna. O contexto dessa história também remete ao movimento da elite paulista para se firmar como referência no Brasil. Em um país governado por oligarquias de fazendeiros da república Café com Leite, o fim da Primeira Guerra Mundial impõe acontecimentos que levam a sociedade a questionar esse poder.
Na época, o presidente Epitácio Pessoa melhorou a imagem do Brasil no exterior e promoveu o estreitamento do intercâmbio cultural com a Europa. O movimento tenentista, liderado por jovens militares que escolheram tal carreira como oportunidade para ter acesso aos estudos, começa a perceber a corrupção na República Café com Leite e passa a organizar movimentos de revolta contra esse status quo. E, por fim, por causa da guerra, ocorre um surto industrial no Brasil, com a consequente criação de uma classe operária urbana.
Neste contexto, o sentimento de lutar contra o antigo chega à elite,que também começa a questionar a alternância de poder entre São Paulo e Minas Gerais.
Enquanto o Rio de Janeiro vivia uma efervescência cultural, São Paulo seguia provinciano. Filhos da elite paulista, porém, passaram a viajar para a Europa e frequentar vanguardas, o que trouxe a necessidade de provar que também eram modernos.
A Semana de Arte Moderna surgiu em função dessa necessidade. Muito embora o movimento modernista estivesse acontecendo por todo o Brasil, São Paulo fez a propaganda mais eficiente e assumiu o papel de inaugurar o modernismo por meio da ideia de romper com o antigo academicismo da arte e propor algo novo.
Trazendo o debate para o presente, em 2022 temos similaridades com 1922. São dois anos de eleições com grandes polaridades políticas, em um momento de pós-pandemia (em 1922 o mundo se recuperava da pandemia da gripe espanhola), proliferação de fake news e discursos racistas.
Esse conteúdo pode te ajudar nas provas de conhecimentos gerais e também como repertório de redação, fique atento!