Determinação: médico conta como enfrentou o desafio do vestibular

Quando cursou medicina na Universidade Estadual de Londrina (UEL), o médico Gilberto Martin acompanhou ativamente os debates sobre o movimento da reforma sanitária que resultaram na implantação do SUS (Sistema Único de Saúde) no Brasil. Por isso, em sua trajetória profissional, optou pela área de saúde pública, ocupando cargos técnicos e políticos na gestão em saúde e, paralelamente, realizando atendimentos clínicos. Em plena crise provocada a pandemia da Covid-19, ele é o convidado do Blog do Prime para contar sua experiência na profissão, desde os tempos em que estudava para o vestibular até hoje, quando vivencia profissionalmente a pandemia. 

Dr. Gilberto tem especialização em saúde pública, administração, gerontologia e mestrado em saúde coletiva. Também foi prefeito de Cambé, secretário de saúde do Estado do Paraná e de Londrina. Atualmente, atua na área clínica de geriatria, tanto em consultório particular como no ambulatório do Cismepar, onde responde pelo programa de atenção integral à saúde do idosos. É também professor do curso de medicina da PUC-PR nas disciplinas de geriatria e gestão em saúde e atua com alunos do internato no ambulatório de geriatria da instituição. Além disso, é médico sanitarista na 17ª Regional de Saúde de Londrina. 

Sonho de infância

“Eu sonhava ser médico desde a infância”, conta ele, que morava em uma cidade pequena e veio para Londrina com a família para estudar e chegar à faculdade de medicina. Depois de cursar parte do ensino médio em um colégio público, no terceiro ano se matriculou em uma escola particular. “Persisti no sonho e tive a felicidade de passar no primeiro vestibular, mas estudei bastante, como todos que querem fazer medicina. Lembro-me que estudava todos os dias de manhã até a noite e reservava um tempo nos fins de semana para o lazer. Valeu a pena”, recorda.

Dr. Gilberto tem uma dica para o dia das provas de vestibular. “Eu respondia primeiro as questões que tinha certeza, depois as que tinha alguma dúvida e guardava todo o tempo restante para as difíceis”, conta. “Também optei por não conferir o gabarito antes de terminar todo o exame, pois não queria que a prova anterior contaminasse a do dia seguinte. Só conferia o gabarito ao final, isso me dava mais tranquilidade”, relata. Ele lembra do período de estudos para o vestibular como uma época muito marcante, que vivenciou novamente com as filhas, Beatriz e Manoela, ambas médicas em Curitiba. “É uma realidade que faz parte da nossa vida, e que bom que é assim, pois significa que estudamos e evoluímos”, diz. 

Incentivo para futuros médicos

Para quem quer cursar medicina, o sanitarista lembra que é importante ter convicção do desejo de tornar-se um médico. “Isso ajuda a gente a se motivar. Sei que hoje é difícil passar ‘de cara’ no primeiro vestibular, mas não devemos desanimar, devemos ser persistentes e continuar tentando. Tenho colegas médicos muito bem sucedidos que fizeram quatro vestibulares até conseguir uma vaga. Insistiram, entraram e são excelentes profissionais”, pontua.

O vestibular, para Dr. Gilberto, é a primeira grande conquista em direção ao sonho de ser médico. “Temos que nos dedicar e isso exige um processo de estudo organizado, sistematizado, com uma metodologia que seja adequada para cada aluno”, aconselha. 

“Quero dizer para vocês que têm o sonho de ser médicos: não desistam desse sonho! Corram atrás desse sonho! A medicina é um dos ofícios mais completos, pois como médicos temos que ter um profundo e seguro conhecimento técnico, temos que entender o funcionamento do corpo humano, mas precisamos ter também uma formação humana, pois vamos lidar com gente a vida inteira. Precisamos ter muita sensibilidade, pois as pessoas que vêm até nós estão em um momento de fragilidade. Elas precisam do nosso conhecimento técnico para resolver a doença, mas também do nosso amparo, do nosso acolhimento como ser humano. Esta é uma das coisas mais bonitas e mais bacanas da medicina”, acredita. 

Medicina em tempos de Covid

Gilberto Martin destaca que a realidade da Covid-19 está ceifando vidas no mundo inteiro e por isso deve ser enfrentada com coragem, mas sem esquecer que pandemias acontecem e chegam ao final. “Tivemos a pandemia de H1N1 em 2009, que não foi tão drástica, mas foi pesada. Quando estamos no meio do processo, como estamos agora, ficamos sem perspectiva, mas isso passa. Já há estudos avançados sobre a vacina, que vai resolver o problema, mas enquanto não chega, temos que tomar todos os cuidados”, defende.

Como médico sanitarista, ele conta que atua diretamente na retaguarda das equipes envolvidas na pandemia, porém, sem contato físico, por ter mais de 60 anos e estar no grupo de risco. “Tenho trabalhado na capacitação do pessoal dos postos de saúde por meio de lives, oficinas de trabalho e sistematização de documentos recebidos dos órgãos técnicos. Além disso, faço o atendimento dos pacientes por telemedicina e acompanhamento a distância, pois eles são idosos e não podem ser retirados de casa”, destaca. 

Sobre os cuidados com a pandemia, ele reforça que precisam ser rigorosos. “A transmissão ocorre pelas mãos, pois as colocamos nas superfícies e levamos à boca. Nós mesmos inoculamos o vírus no nosso corpo”, explica. 

Neste momento, reforça que o uso de máscara é fundamental assim como o uso de álcool em gel nos momentos em que não é possível lavar as mãos. Quem eventualmente precisa sair de casa deve tirar os sapatos quando retorna, antes de entrar na residência, e separar um espaço de “área suja” para deixar calçados e roupas mais externas. “O ideal é chegar e ir direto para o banho, pois isso reduz o risco de trazer o vírus para dentro de casa.

Se tiver idosos que vivem com você, procure manter a distância de um metro e meio e use sempre máscaras”, aconselha.